O cometa interestelar 3I/ATLAS está agora a afastar-se da Terra depois de ter feito a sua maior aproximação na sexta-feira, 19 de dezembro, passando a 270 milhões de quilómetros do nosso planeta. Este evento marca o fim de uma rara oportunidade para os cientistas estudarem um objeto originado fora do nosso sistema solar. O cometa continuará a sua viagem pela Via Láctea, deixando para trás dados valiosos sobre as condições iniciais de outros sistemas estelares.

Um terceiro visitante interestelar

3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto interestelar confirmado observado passando pelo nosso sistema solar. O primeiro foi o 1I/’Oumuamua (2017), seguido pelo cometa 2I/Borisov (2019). Estes encontros são cruciais porque permitem aos investigadores analisar materiais anteriores à formação do nosso próprio sistema solar, oferecendo pistas sobre os blocos de construção de planetas e cometas noutras partes da galáxia.

Origens antigas: um cometa mais antigo que o nosso sol

O que torna o 3I/ATLAS particularmente intrigante é a sua idade estimada. Ao contrário dos cometas do nosso sistema solar, que têm normalmente cerca de 4,5 mil milhões de anos, este visitante parece ser significativamente mais velho – possivelmente até 7 mil milhões de anos. Esta determinação vem da sua provável origem no “disco grosso” da Via Láctea, uma região de estrelas que se formou no início da história galáctica. Como afirmou o astrônomo de Oxford, Matthew Hopkins, os visitantes interestelares “têm o potencial de serem muito mais antigos”, e o 3I/ATLAS é estatisticamente o cometa mais antigo já observado.

Brilho inesperado e perguntas persistentes

Durante a sua maior aproximação ao Sol no final de outubro, o 3I/ATLAS exibiu um clarão invulgarmente brilhante. Embora os cometas normalmente fiquem mais brilhantes à medida que a radiação solar vaporiza os seus núcleos gelados, a intensidade deste cometa excedeu as expectativas. A razão permanece desconhecida, apesar das observações de múltiplas naves espaciais – incluindo STEREO-A, STEREO-B e SOHO. Os cientistas ainda estão a analisar os dados para compreender porque é que este cometa se comportou de forma diferente dos outros, o que poderá revelar novas informações sobre a composição e o comportamento dos objetos interestelares.

Impacto contínuo na pesquisa

Mesmo com a partida do 3I/ATLAS, os dados recolhidos continuarão a informar a investigação astronómica. A composição, o brilho e a trajetória do cometa fornecem um instantâneo único das condições numa região distante da Via Láctea.

“A razão para o rápido brilho do 3I… permanece obscura”, escreveram os cientistas Qicheng Zhang e Karl Battams, destacando o mistério em curso.

Os investigadores estão a utilizar ferramentas como o Eyes on the Solar System da NASA para acompanhar o seu progresso, garantindo uma análise contínua deste excepcional viajante interestelar.

O estudo destes objetos interestelares é mais do que apenas catalogar cometas distantes; é um passo para a compreensão de como outros sistemas solares se formaram e que materiais eles contêm.