Os investigadores identificaram um tipo de vocalização de leão até então desconhecido – um “rugido intermédio” – distinto do rugido forte e bem conhecido da espécie. Esta descoberta, publicada na Ecology and Evolution, sugere que a comunicação dos leões é mais matizada do que se entendia anteriormente e pode melhorar os métodos de rastreio destes animais vulneráveis.
A descoberta e o que isso significa
O rugido intermediário é notavelmente mais curto e mais grave do que o rugido icônico e explosivo de toda a garganta. Crucialmente, o estudo descobriu que estes rugidos mais curtos sempre seguem rugidos fortes, sugerindo uma sequência específica na comunicação vocal do leão. Esta descoberta é importante porque refina a nossa compreensão de como os leões usam o som para comunicar território, afiliação ao grupo e identidade individual.
Durante anos, os cientistas acreditaram que os rugidos dos leões eram em grande parte uniformes, mas pesquisas anteriores já mostraram que os rugidos a plenos pulmões agem como “assinaturas” únicas para cada animal, transmitindo o seu sexo, idade e outras características. Isso significa que as gravações podem ser usadas para estimativas populacionais, mas somente se pudermos isolar essas vocalizações principais corretamente.
Como a pesquisa foi conduzida
A equipa de investigação instalou 50 microfones personalizados no Parque Nacional Nyerere, na Tanzânia, e anexou sensores acústicos a cinco leões na área de conservação de Bubye Valley, no Zimbabué. No total, foram gravadas mais de 3.149 vocalizações, que foram analisadas por meio de inteligência artificial (IA).
O modelo de IA provou ser essencial, classificando os tipos de vocalização dos leões com mais de 95% de precisão – um avanço significativo em relação à análise manual subjetiva. Isso permitiu aos cientistas identificar definitivamente o rugido intermediário e isolar melhor os rugidos fortes necessários para estimativas de densidade populacional. Sem esta abordagem automatizada, as diferenças sutis entre os rugidos teriam sido muito mais difíceis de detectar.
Implicações para a Conservação
As populações de leões africanos são criticamente baixas, com cerca de 23 mil restantes na natureza, o que os coloca na Lista Vermelha da IUCN como vulneráveis à extinção. Os métodos atuais de rastreamento – como armadilhas fotográficas e levantamentos de pegadas – consomem muitos recursos e podem não ser tão precisos quanto o monitoramento acústico.
Estimativas precisas da população são cruciais para esforços de conservação eficazes. A análise refinada das vocalizações dos leões, alimentada por IA, oferece uma maneira potencialmente mais eficiente e precisa de rastrear esses animais, dando aos conservacionistas uma ferramenta melhor para protegê-los.
“Espero que o uso de rugidos fortes previstos por dados leve a estimativas de densidade populacional acústica mais precisas, que possam informar melhor as necessidades urgentes de conservação”, disse o autor principal do estudo, Jonathan Growcott.
Ao compreender melhor a comunicação dos leões, os investigadores estão um passo mais perto de melhorar a monitorização da população e salvaguardar esta espécie vulnerável.
